Artigo: A importância da alfabetização emocional na infância

Mayra Moura – Consultora Pedagógica

Observamos as crianças vivenciando suas emoções desde o nascimento. As sensações desagradáveis ou agradáveis provocadas pelas emoções e sentidas pelas crianças podem ser percebidas por meio do choro ou do balançar das perninhas e bracinhos, e até mesmo de uma sonora gargalhada de um bebê.

Ao longo dos primeiros anos de vida, crianças que se sentem acolhidas em suas emoções e sabem como lidar com elas têm um desenvolvimento pleno. Mas como promover esse desenvolvimento? Qual a função da escola nesse processo?

Segundo Rafael Bisquerra, da Universidade de Barcelona, conhecido como psicopedagogo das emoções, identificar as emoções é passo fundamental para conseguir regulá-las em busca de um equilíbrio saudável. Por exemplo, se a criança está triste, o intuito não é anular a tristeza, mas sim conseguir nomeá-la e lidar com ela de modo que não seja dominante. O medo é outro exemplo de emoção básica sentido pelas crianças. E elas podem reconhecê-lo e encontrar ferramentas para enfrentá-lo!

A consciência emocional, portanto, nos mostra quão importante é saber o nome daquilo que sentimos e, ao mesmo tempo, compreender e saber expressar as emoções envolvidas. Desse modo, podemos trabalhar as emoções, seja regulando-as, seja em prol de uma maior autonomia emocional, seja para manter relações harmoniosas com outras pessoas, seja para enfrentar os desafios diários ou para se projetar para o futuro.

Podemos então encarar a consciência emocional como elo fundamental na alfabetização emocional. Isso deve ser ensinado desde a infância: crianças pequenas, quando acolhidas e orientadas para tanto, são capazes de observar suas próprias emoções e de outras pessoas, são capazes de se adaptar ao clima emocional do ambiente, e conseguem utilizar estratégias de regulação emocional como respirar, pensar e agir (RPA) de acordo com a demanda do momento.

A alfabetização emocional é fundamental na infância! Está previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC): “Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas”; “Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza”; “Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários”.

Assim fica claro que é papel da escola promover a alfabetização emocional, juntamente com as demais disciplinas trabalhadas no currículo escolar. Possibilitar o autoconhecimento da criança, fortalecendo sua autoestima, é prepará-la para continuar seus estudos, para aprender a ser e a conviver em sociedade, para uma cultura de paz.

Referências:

BISQUERRA, Rafael. (Coord.) et al. ¿Como educar las emociones? La inteligência emocional em la infância y la adolescencia. Esplugues de Llobregat, Espanha: Hospital San Juan de Déu, 2012. Disponível em http://www.rafaelbisquerra.com/es/.

BISQUERRA, Rafael. Psicopedagogía de las emociones. Madrid: Sinteses, 2009. BISQUERRA, Rafael.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2017.


Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *