A Educação Socioemocional como Ferramenta de Enfrentamento à Discriminação Racial

Por Wanessa França – Jornalista

Imagine você, uma criança, chegando em sua nova escola, onde tudo é novidade e, por isso, as emoções e sentimentos se misturam. É o seu primeiro dia de aula, ao entrar na sala algo te chama atenção: você é a única criança negra da turma. A partir dessa percepção você se sente um pouco perdida, mas segue o seu dia com gentileza como seus pais sempre te instruíram. Durante a aula, a turma se envolve em uma atividade de colorir e você escuta um dos colegas pedindo o “lápis cor de pele”, se referindo a cor bege. Ao ouvir aquilo, você responde que não faz sentido, pois sabe que existem diferentes tipos de pele e, quando tenta informar aos colegas, eles respondem que o lápis bege é “a cor da maioria das pessoas ali”.

O relato do parágrafo anterior faz parte da história “Sol e a Solidariedade” (Hug Education, 2021, p. 10) que conta a experiencia da personagem Sol, uma menina negra, integrante da Liga Pela Paz, em uma nova escola. Mas, apesar de ficcional, esse conto é um exemplo da discriminação racial vivida não só por estudantes negros, mas também por outros indivíduos de grupos étnico-raciais historicamente oprimidos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 55,5% dos brasileiros se declaram negros (pretos e pardos); paralelo a isso, o preconceito e a discriminação atingem 70% das pessoas deste grupo, de acordo com pesquisa divulgada pela Agência Brasil.

A discriminação racial se caracteriza pelo tratamento injusto, desigual ou prejudicial de uma pessoa com base em sua raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacionalidade, podendo ser manifestada através de insultos, atos de violência, exclusão social, dentre outros. Como forma de evidenciar a importância de erradicar esta forma de violência e preconceito, no dia 03 de julho, o Estado Brasileiro celebra o Dia de Enfrentamento à Discriminação Racial – a data foi escolhida em homenagem a primeira lei do Brasil contra o racismo.

Educar para não punir!

No contexto de violência no qual a sociedade vive hoje, a educação se torna caminho para reduzir as injustiças e preconceitos. Nesse sentido, a Educação Socioemocional contribui para a construção da Cultura de Paz, do diálogo e da Não-Violência; através da aplicação desses conceitos – presentes nos materiais e metodologia da Hug Education – os estudantes aprendem na prática, junto de seus colegas e comunidade escolar, que a busca por um mundo mais justo e igualitário começa com as pequenas ações.

Além disso, a Educação Socioemocional evidencia a importância da diversidade, pois, como explica o filósofo francês Edgar Morin em sua teoria da complexidade, “Somos iguais como seres humanos e diversos como indivíduos.” E são essas diferenças que enriquecem as sociedades e as relações humanas (Hug Education, livro 8, p. 151). Através dessa diversidade, os indivíduos se conectam, criam e transformam; dessa maneira, é possível compreender que os sentidos de discriminação e preconceitos e suas práticas não cabem em mundo tão diverso.

Ações violentas, que prejudicam o ser humano e a sociedade como um todo, devem ser enfrentadas, inclusive nos espaços escolares.

Referencia Bibliográfica:

AGÊNCIA BRASIL. Preconceito e discriminação atingem 70% dos negros, aponta pesquisa. Agência Brasil, 2024. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2024-11/preconceito-e-discriminacao-atingem-70-dos-negros-aponta-pesquisa. Acesso em: 01 de jul. 2025

HUG EDUCATION. Era uma vez as emoções! Volume 2. São Paulo: Hug Education, 2021. p. 10.

HUG EDUCATION. Educação Social e Emocional: A Condição Humana e a Regulação Emocional. Livro 6. São Paulo: HUG Education, [2021]. p. 47.

IBGE. Censo 2022: pela primeira vez desde 1991, a maior parte da população do Brasil se declara parda. Agência IBGE Notícias, [20–]. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/38719-censo-2022-pela-primeira-vez-desde-1991-a-maior-parte-da-populacao-do-brasil-se-declara-parda. Acesso em: 01 de jul. 2025


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