O impacto das gerações e da comunidade escolar na experiência educacional

Por Adelmo Neto – Consultor Pedagógico*

Falar sobre família e escola hoje é falar sobre diversidade, transformação e novas formas de viver, aprender e se relacionar. A estrutura familiar passou por mudanças significativas nas últimas décadas, refletindo diretamente na educação e no desenvolvimento socioemocional das crianças e adolescentes.

Dinâmicas de trabalho, transformações sociais, eventos como a pandemia e a tecnologia cada vez mais imersa no cotidiano alteraram profundamente as relações familiares, trazendo à tona novos desafios, exigindo uma educação mais conectada as necessidades atuais e que desenvolva habilidades que promovam a adaptação a esses novos cenários de convivência e relação.

Nesse contexto, as gerações mais novas demonstram familiaridade com tecnologias, capacidade de alternar rapidamente entre diferentes estímulos e uma forte conexão com causas sociais e culturais. A geração Alpha (nascida a partir de 2010), em especial, vive em um mundo hiperconectado, no qual informações circulam em alta velocidade.

Essa exposição constante pode ampliar o repertório cultural e social dos jovens e favorecer o desenvolvimento de empatia e resiliência, embora também traga desafios, como sobrecarga de informações e necessidade de filtros críticos. Além de criar relações virtuais e interações mais focadas à distância, dificultando o desenvolvimento das habilidades sociais, que são tão necessárias para o processo de convivência no coletivo.

No ambiente escolar, essas transformações geracionais exigem uma nova postura educacional. Mais do que ensinar conteúdos, é preciso formar cidadãos preparados para conviver com a diversidade e os desafios do século XXI: um ambiente mais dinâmico, com foco em metodologias ativas, construção do conhecimento e desenvolvimento da autonomia.

Essa proposta se alinha aos quatro pilares da educação definidos pelo Relatório Delors:

  • Aprender a conhecer: desenvolver o prazer em aprender e a capacidade de compreender o mundo, promovendo o pensamento crítico e a autonomia intelectual.
  • Aprender a fazer: adquirir habilidades práticas, cognitivas e sociais para atuar com responsabilidade e criatividade no trabalho e na vida.
  • Aprender a viver juntos: cultivar empatia, respeito e cooperação, reconhecendo a diversidade e promovendo a convivência pacífica.
  • Aprender a ser: favorecer o desenvolvimento integral da pessoa — emocional, ético, físico e intelectual — para que ela possa agir com liberdade, responsabilidade e consciência social.

Esses pilares sustentam a proposta de uma educação integral, que vai além da transmissão de conteúdos e busca formar sujeitos de maneira mais integral, capazes de atuar no mundo com sensibilidade, ética e engajamento social.

Aqui, o papel da comunidade escolar ganha ainda mais relevância. A escola não é apenas o espaço de ensino formal, mas também um lugar de convivência e formação de vínculos. Ao compreender a comunidade escolar que vai além de alunos e professores: inclui famílias, colaboradores, vizinhança e todos os que participam, direta ou indiretamente, da formação dos educandos.

Quando essa rede atua de forma integrada, os resultados são notáveis. A colaboração entre escola e família fortalece o desenvolvimento emocional, ajuda a identificar desafios precocemente e estimula a construção de soluções conjuntas. Crianças e adolescentes se sentem mais acolhidos, compreendidos e confiantes para enfrentar os obstáculos do cotidiano escolar e da vida em sociedade.

Segundo a proposta pedagógica da HUG Education, a família também deve ser um espaço de apoio emocional. Escuta ativa, respeito às emoções e acolhimento são pilares que fortalecem o bem-estar e refletem diretamente no desempenho e nas relações escolares. Família e escola não são instâncias separadas, mas parceiras na formação de indivíduos íntegros e preparados para viver em sociedade — um princípio também presente nas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e em políticas públicas educacionais que promovem a integração escola-família-comunidade.

Por isso, repensar os espaços de convivência e aprendizagem é urgente. Em um mundo em constante transformação, a educação precisa ser viva, conectada, colaborativa — e, acima de tudo, humana. Quando há diálogo, pertencimento e cooperação entre todos os envolvidos, não só se aprende mais: forma-se uma geração capaz de construir um futuro mais empático, solidário, justo e capaz de conviver com todas as demais gerações de forma harmônica.

Referências bibliográficas:

DELORS, Jacques et al. Educação: Um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: MEC: UNESCO, 2003.

TWENGE, Jean M. iGen: Por que as crianças de hoje estão crescendo menos rebeldes, mais tolerantes, menos felizes e completamente despreparadas para a vida adulta. 1ª ed. São Paulo: Objetiva, 2018.

*Revisão e edição de texto por Mayra Moura – Analista de Metodologia


One thought on “O impacto das gerações e da comunidade escolar na experiência educacional

  1. Realmente, a Educação inovadora e transformadora precisa de várias parcerias, para se tornar integral e de qualidade. Sempre destacando o bem-estar e as emoções.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *