Por Silvaneide Freitas – Consultora Pedagógica
Mais um ano letivo está em curso e, como todos os anos, observamos que tudo se repete, algumas pessoas que sempre estão ali, seja ofertando as aulas, cuidando em despertar a fome com o cheirinho do lanche que vem lá da cozinha, ou provocando o sonoro ranger no abrir e fechar do portão; algumas pessoas novas chegando com a empolgação ou o desconforto da escola nova; e outras saindo para explorar diferentes caminhos. E esse é o rumo da vida escolar! Mas será que, apesar das mudanças na composição de grupos, também existem algumas estratégias mantenedoras do cultivo das boas relações? Ou até mesmo estratégias para construir um espaço favorável para as conexões interpessoais?

Construir boas relações que favoreçam o cultivo de um ambiente saudável, acolhedor e colaborativo se faz necessário, seja no ambiente escolar, ou em qualquer outro espaço e, para isso, existem algumas estratégias que facilitam essa construção, como, por exemplo, as micro competências que estão dentro do que o psicólogo das emoções Rafael Bisquerra (2009) chama de competência social, como saber escutar o outro sem julgamento, ter empatia e desenvolver a comunicação não-violenta. Essas estratégias tornam o ambiente mais harmonioso, respeitoso e seguro.
Dessa forma, o acolhimento não se trata necessariamente de uma demanda de um determinado profissional, mas sim, de um ato humano que qualquer pessoa pode realizar de forma simples, sem nenhuma formação específica.

Para além dessas estratégias, podemos também recorrer a outra competência de Bisquerra, a autonomia emocional, pois para lidar com o outro, precisamos também saber o que é nosso, quais as nossas responsabilidades com as nossas emoções, analisar as normas sociais, saber que as demandas emocionais do outro não são nossas, desenvolver atitudes positivas, trabalhar a autoestima, a automotivação e a resiliência.
Na escola, além da boa comunicação, do olhar cuidadoso com o outro, podemos também trabalhar a prática de reforçar as boas ações dos colegas de trabalho e dos educandos e, ainda, criar momentos de conversas que promovam partilhar os desafios e êxitos enfrentados no ambiente escolar. Isso contribui no fortalecimento de vínculos e viabiliza um ambiente de conforto.

Essas práticas de acolhimento citadas envolvem toda a comunidade escolar, educandos, famílias, educadores e demais funcionários da escola. Cada escola pode aderir a melhor forma para acolher sua comunidade escolar. Como, por exemplo, ter uma sala para meditação, ter um cantinho para fazer um piquenique literário com os educandos para tornar a aula mais leve, ter um dia específico no mês/semana para dialogar de forma empática. No caso do acolhimento aos familiares, a escola pode adotar a construção da boa relação através da informação sobre o processo educacional do educando, comunicando não só sobre os comportamentos arbitrários, mas, principalmente, valorizando e reforçando os comportamentos e ações de boa conduta escolar. A escola pode criar, por exemplo, estratégias como disparos de mensagens aos pais informando ações, projetos e encontros, promovendo atividades colaborativas que estimulem a escola compartilhar e interagir com os familiares para que se sintam incluídos na rotina escolar dos educandos.
Agora que já entendemos que todos têm papel fundamental no cultivo de um ambiente escolar positivo e nas estratégias de acolhimento com o outro, o que você tem feito para contribuir na construção desse espaço acolhedor? Como anda sua conexão consigo e com o outro?
Referência:
BISQUERRA, R. Psicopedagogia de las emociones. Espanha: Editorial Sintesis, 2009.