Consultores pedagógicos comentam e propõem dinâmicas que contribuem para a implementação das novas medidas de restrição ao uso de smartphones em sala de aula.
Por Wanessa França
A lei que restringe o uso de smartphones e outros dispositivos eletrônicos portáteis dentro de sala de aula foi sancionada no Brasil este ano, possuindo o objetivo de melhorar a concentração dos alunos, aumentar a interação dos estudantes nas aulas e reduzir o impacto negativo dos aparelhos no aprendizado. Apesar da restrição, o decreto flexibiliza o uso dos dispositivos para fins pedagógicos ou didáticos e, também, como forma de garantir a acessibilidade e a inclusão de pessoas com deficiência.

Sobre o tema, conversamos com os Consultores Pedagógicos da Hug Education para entender como essas mudanças podem afetar educandos e educadores no dia a dia escolar. Segundo a Consultora Pedagógica e psicóloga, Silvaneide Freitas, “a questão de ser restrito é algo bom, pois, o uso em excesso dos aparelhos eletrônicos, pode sim acarretar consequências negativas, tanto dentro quanto fora da sala de aula.”
Por outro lado, a Consultora alerta ainda que é preciso observar a maneira como essa limitação será implementada. “O corte abrupto do acesso ao celular, por um educando que – nos ambientes externos a escola – faz livre uso do aparelho, pode gerar, nesse adolescente, o seguinte pensamento: prefiro estar em casa com meu celular, do que na escola sem o meu aparelho”, continuou Silvaneide.
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Neste sentido, o Consultor Pedagógico e psicólogo, Adelmo Neto, complementa o raciocínio e afirma que a escola precisa modificar o seu olhar, transformando as dinâmicas das atividades ofertadas, tornando-as mais atrativas e despertando o interesse dos jovens. “O aluno precisa se voltar à comunidade escolar (e esta precisa se tornar mais interativa, compreendendo as necessidades dessa juventude, como dialogar com ela e fazê-la se sentir pertencente), sair da bolha das redes sociais e começar a observar o que é que tem para fazer na escola, o que tem de atividade, o que tem de externo que permita a criação dessa dinâmica”.
Desconectar para conectar-se
O filósofo francês, Edgar Morin, ressalta que “as interações entre indivíduos produzem a sociedade, e esta retroagem sobre os indivíduos (2011)”. Neste sentido, é correto afirmar que o desenvolvimento de habilidades socioemocionais – como autonomia e consciência emocional, competência social e habilidades de vida e bem-estar – conta essencialmente com o contato e as trocas humanas. Contextualizando esta ideia para a aplicação da educação socioemocional, desenvolvida pela Hug Education, dentro das Escolas do Estado de Alagoas, é compreendido a necessidade de que educandos e educadores, bem como toda a comunidade escolar, se desconectem de seus aparelhos eletrônicos, e passem a se conectarem entre si, seja dentro do espaço escolar ou fora dele.
Para isso, a Consultora Pedagógica e psicóloga, Yasmin Caldas, propõe a realização de atividades ao ar livre, o uso de desenhos e pinturas, música durante os intervalos, uma vez que estas são práticas que favorecem a criatividade e mostram às crianças e adolescentes que eles possuem alternativas e não precisam recorrer aos aparelhos eletrônicos.
E você, mãe, pai, educador, pode e deve ser referência nesse movimento… afinal, não adianta apenas direcionar as crianças para brincarem, elas podem requisitá-lo para essa partilha e se você permanece no seu celular, ficará mais difícil dela interagir ou seguir a orientação. Aproveite esses momentos para se conectar com eles, seja criança ou adolescentes, ambos precisam de nossa real presença para desenvolver suas competências e habilidades sobre convivência e interação com as pessoas.