Como construir uma cultura de paz imersos em uma cultura de violência?
Por Maria Dóia – Coordenadora de Metodologia
Quando vemos as notícias , seja pela TV, pelo rádio ou pelas redes sociais, a sensação é que tudo está em volta da violência. É como se a bagagem de ferramentas que carregamos para agir diante de qualquer situação, principalmente as conflituosas, estivesse repleta de palavras pejorativas, repostas ríspidas, comportamentos agressivos e uma postura de constante ataque.
É importante ressaltar a qualidade (ou a falta dela) dos conteúdos que temos absorvido no nosso dia a dia. Nesse sentido, quando relacionamos o consumo dessas notícias por crianças e jovens que se encontram em plena fase desenvolvimento, é preciso considerar os impactos causados por essas informações nas vidas desses indivíduos.

O filósofo Jean-Marie Muller é um grande estudioso e praticante da Cultura de paz e não-violência. Ele traz uma reflexão muito pertinente sobre a construção de uma cultura imersa na violência, onde os meios de comunicação têm uma forte influência, e que esses tipos de comportamentos acabam se tornando “naturalizados”, como se já fizessem parte da nossa essência humana.
E não é natural dos seres humanos a violência, mas assim como esse tipo de cultura tem encontrado espaço e vivências, Muller aponta que precisamos ampliar os espaços onde se ensinem sobre a não-violência, além de estimularem competências e habilidades que fortaleçam a construção de uma sociedade mais pacífica.

Ou seja, da mesma forma que se aprende a ser violento, pode-se aprender a resolver conflitos, manter relações sociais mais saudáveis e a desenvolver em si um sentimento de paz interior, a partir do manejo e regulação das emoções, onde não são as emoções que dominam o indivíduo, mas o indivíduo quem desenvolve estratégias para se manter com a direção de suas escolhas e ações ponderadas e conscientes.
É um exercício diário estarmos atentos a maneira como convivemos em sociedade, no ambiente familiar, dentro das amizades, no trabalho, para que o modo automático e desconectado da rotina avassaladora que compartilhamos não nos afaste da nossa humanidade. Empatia, solidariedade, gentileza, e tantas outras práticas que nos aproximam do outro, precisam ser potencializadas e praticadas constantemente.
Olhar para a nossa bagagem de vida e substituir ferramentas antigas, arraigadas em práticas de violência , por ferramentas mais adequadas ao nosso desejo intrínseco de construirmos um mundo melhor, que deve começar pela mudança de cada um, pois a paz que ansiamos para o mundo precisa ser cultivada primeiro dentro de cada pessoa.
Referência: MULLER, Jean-Marie. Não violência na educação. Trad. de Tônia Van Acker. São Paulo: Pala Athena, 2006.
A PAZ QUE EU QUERO É AQUELA EM QUE O RESPEITO E A EMPATIA SÃO A BASE DE TODAS AS RELAÇÕES. ONDE CADA PESSOA POSSA VIVER SEM MEDO, EXPRESSNADO SUAS IDEIAS E SENTIMENTOS LIVRIMENTE, EM CADA UM AMBIENTE DE HARMONIA E COOPERAÇÃO. UMA PAZ QUE COMEÇA DENTRO DE CADA UM E SE ESPALHA PELO MUNDO ATRAVÉS DE PEQUENAS ATITUDES DE BONDADE E COMPREENSÃO.
Cara Katia, através da Educação Socioemocional temos a chance de construir um futuro mais justo e de paz, vamos juntos!