Agosto lilás: A CNV como ferramenta para a redução de violência contra a mulher

Neste artigo você entenderá como uma Comunicação Não-Violenta contribui para a formação de indivíduos não violentos e, consequentemente, para a redução a violência de gênero. Confira!

Por Mayra Moura – Pedagoga e Consultora Pedagógica

Agosto lilás: A CNV como ferramenta para a redução de violência contra a mulher

Estabelecida em 2022 pelo Governo Federal, o agosto Lilás é uma campanha de conscientização sobre o combate à violência contra a mulher. Este mês foi escolhido em função de ser o mesmo mês em que foi sancionada a Lei Maria da Penha. A campanha, assim como a lei, visa educar a sociedade e combater as violências física, psicológica, sexual, patrimonial, moral, doméstica, institucional e obstétrica contra as mulheres, buscando diminuir o índice de feminicídio. Faz sentido, portanto, ao nos referirmos a este mês, tratarmos da empatia e do respeito; do diálogo, do falar e do ouvir; e de uma nova ferramenta de comunicação.

Segundo Marshall B. Rosenberg (2006), psicólogo norte-americano, a Comunicação Não Violenta (CNV)

nos ajuda a reformular a maneira pela qual nos expressamos e ouvimos os outros. Nossas palavras, em vez de serem reações repetitivas e automáticas, tornam-se respostas conscientes, firmemente baseadas na consciência do que estamos percebendo, sentindo e desejando. Somos levados a nos expressar com honestidade e clareza, ao mesmo tempo que damos aos outros uma atenção respeitosa e empática. Em toda troca, acabamos escutando nossas necessidades mais profundas e as dos outros.

É nesse contexto, que o agosto Lilás – Mês de combate à violência contra a mulher, pode ser abordado a partir da Comunicação Não Violenta: a CNV realmente transforma a maneira como interagimos com os outros e com nós mesmos. Ao substituir os velhos padrões de defesa, recuo ou ataque diante de julgamentos e críticas, a CNV nos ajuda a adotar uma perspectiva mais empática e compreensiva. Em vez de nos concentrarmos em diagnosticar ou julgar, passamos a explorar o que o outro está observando, sentindo e necessitando.

Essa mudança de foco não apenas reduz a resistência e as reações defensivas, mas também abre espaço para uma comunicação mais profunda e autêntica. Ao nos esforçarmos para entender as necessidades e sentimentos subjacentes dos outros, podemos cultivar uma maior compaixão e fortalecer nossos relacionamentos. Esse processo nos permite ver além das aparências e das reações superficiais, alcançando uma compreensão mais rica e significativa das intenções e das motivações humanas. (Rosenberg, 2006)

Nesse sentido, a CNV possui quatro componentes: observação, sentimento, necessidade, pedido. A observação diz respeito ao que está acontecendo de fato; o sentimento está relacionado ao que essa ação provoca em nós; a necessidade é revelada pelo sentimento que se explicita; o pedido é a conclusão desse percurso. Essa comunicação pode ser de vários níveis, formais e informais, e em vários contextos, públicos e privados. Por exemplo, uma mulher pode dizer ao seu filho: Quando vejo a sua toalha molhada em cima da cama, fico irritada, porque preciso de ordem e limpeza na casa. Você poderia deixá-la pendurada no banheiro, por favor?

Parte da Comunicação Não Violenta também consiste em receber essas informações dos outros e lidar com elas, concretizando ou não o pedido feito. Esse processo de comunicação leva ao que Marshall B. Rosenberg chama de estado de compaixão natural do ser humano, em que os pedidos realizados culminam em situações de bem-estar mútuas, de quem faz e de quem recebe. Entretanto, precisamos lembrar que a ênfase dessa nova linguagem, como o próprio autor propõe, está no trabalho das relações

humanas e na identificação dos nossos sentimentos e necessidades. Isso significa que: os nossos pedidos nem sempre serão atendidos, mas podemos nos ajustar com o outro em busca de uma solução comum.

Muitos conflitos e situações de violência de instâncias variadas poderiam ser evitados por esse modo de falar e de ouvir, moldando as relações humanas para uma cultura de paz. O intuito, o fim último, é que não precise mais ter um mês dedicado a essa questão, porque foram extintas as formas de violência contra a mulher.

Enquanto isso, busquemos por uma Comunicação Não Violenta (CNV)!

Referência:

ROSENBERG, Marshall B. Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2006.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *