Artigo: Uso consciente e responsável das redes sociais pelos jovens, e o papel do educador nesse cenário tecnológico.

Por Bruno Gonzaga – Consultor Pedagógico

Ao longo dos anos, novas tecnologias têm surgido e moldado a sociedade de maneira significativa. Entre essa vasta gama de inovações, destacam-se as redes sociais, especialmente populares entre os jovens, embora o acesso oficial seja restrito a menores de 13 anos, conforme disposto nos termos de utilização das redes sociais como Instagram, Facebook e TikTok..

Alunos da Rede Estadual de Ensino de Alagoas utilizam computadores em sala de aula.

Crianças e adolescentes têm cada vez mais acesso precoce a essas redes e a uma infinidade de conteúdos, frequentemente gerados por outros usuários. Dados da McAfee em 2022 mostraram que 96% das pessoas entre 10 e 18 anos no Brasil acessavam a internet por meio de smartphone, majoritariamente para entretenimento, seguido do uso com finalidade de pesquisas para trabalhos escolares.

Com a expansão da conectividade, o acesso à informação tornou-se mais fácil, e o consumo de conteúdo, mais constante. No entanto, essa liberdade digital levanta a questão: os jovens realmente sabem usar as redes sociais de maneira responsável e ética?

Muitas vezes, a ideia de “liberdade” na internet é mal interpretada, levando a uma percepção de ausência de regras. Contudo, existem leis e termos de uso que regulam o comportamento online. Um exemplo é o TikTok, uma das redes sociais mais populares no Brasil, que contava com 98,6 milhões de contas ativas no início de 2024, atualmente o terceiro país do mundo com mais usuários ativos, segundo o DataReportal. A maioria das pessoas ignora os “termos e condições de uso”, embora esses documentos detalhem direitos e responsabilidades dos usuários.

É crucial que eles  desenvolvam habilidades para usar as redes sociais de forma crítica e consciente, conforme preconiza a 5ª competência da Base Nacional Comum Curricular (BNCC): “Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva” (BRASIL, 2018).

Alunos da Rede Estadual de Ensino de Alagoas utilizam computadores em sala de aula.

Para abordar a importância do uso consciente das redes sociais, Rafael Bisquerra propõe a competência de Autonomia Emocional. Esta competência inclui diversas micro competências que auxiliam no desenvolvimento pessoal e no manejo equilibrado das emoções para também conseguir interagir adequadamente nas redes sociais.São elas:

  • Responsabilidade: capacidade de responder pelas próprias ações com a intenção de se envolver em comportamentos seguros, saudáveis, éticos. Diante da pergunta “Que atitudes (positivas ou negativas) vou tomar na vida?”, decidir com responsabilidade, sabendo que, em geral, o mais efetivo é adotar uma atitude positiva.
  • Análise crítica de normas sociais: capacidade de avaliar criticamente as mensagens sociais, culturais e da mídia relativas a normas sociais e comportamentos. Pensar duas vezes antes de aderir a comportamentos estereotipados, conquistando uma autonomia que ajudará a avançar em direção a uma sociedade mais consciente, livre, responsável.

Assim, o papel do educador no cenário tecnológico atual e no uso crescente das redes sociais pelos jovens é fundamental e multifacetado. Segundo Fonte (2019) “Precisamos aprender a lidar com essa nova geração, com o mundo atual e avançar. Isso implica a mudança de paradigmas, mas sobretudo implica a humildade”. Essa declaração ressalta a necessidade urgente de adaptação e evolução por parte dos professores diante das rápidas mudanças digitais.

A função do educador torna-se crucial na preparação dos jovens para uma interação equilibrada e produtiva com o ambiente digital, moldando futuros cidadãos capazes de utilizar a tecnologia de forma construtiva e responsável.

Referencial teórico

BISQUERRA, Rafael. Psicopedagogía de las emociones. Madrid: Sintesis, 2009.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017.

FONTE, Paty. Competências Socioemocionais na Escola. 1. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2019.

KEMP, Simon. Digital 2024: Brazil. DataReportal. Disponível em: https://datareportal.com/reports/digital-2024-brazil. Acesso em: 01 de julho de 2024.

MCAFEE. A vida por trás das telas de pais, pré-adolescentes e adolescentes: Estudo de 2022 da McAfee sobre famílias conectadas – Brasil. Disponível em: https://media.mcafeeassets.com/content/dam/npcld/ecommerce/pt-br/docs/reports/rp-connected-family-study-2022-brazil.pdf. Acesso em: 01 julho de 2024.


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