Por: Maria Dóia – Coordenadora de metodologia e Silvaneide Freitas – Consultora Pedagógica
Incluir significa fazer parte, estar junto. É conseguir gerar um sentimento de pertencimento no outro ao se sentir acolhido em sua totalidade. Um dos sete saberes necessários à educação do futuro (MORIN, 1999) fala sobre ensinar a condição humana, onde retrata a construção multidimensional de cada ser humano: tão diversos, múltiplos, e ao mesmo tempo pertencentes a uma mesma espécie, a humana.
Partindo desse ponto, é crucial lembrar constantemente que somos diferentes uns dos outros. Algo tão simplório de pensar, mas na convivência é um dos maiores desafios. Olhar para o outro tão diferente, complexo, singular e encontrar maneiras para interagir e conviver com esse universo único que é cada indivíduo.
Aqui entra em ação o papel das habilidades sociais, que embora não se nasça com essa capacidade “inata” de conviver de forma harmoniosa com os outros, é possível e necessário o desenvolvimento do que o psicopedagogo das emoções, Rafael Bisquerra denomina de Competência social – capacidade de construir e manter boas relações.
Com isso, construir espaços de aprendizagem Socioemocional se faz importante desde a mais tenra idade, cujo processo escolar da criança irá contribuir diretamente com o seu desenvolvimento como pessoa que sente, reconhece, expressa e cuida de suas emoções. Compreendendo que, ao longo do desenvolvimento a criança, ela passa por muitas etapas que exigem suporte emocional do meio, e que todo o contexto social vivenciado pela criança, se torna fundamental para o seu bem-estar.
O trabalho desenvolvido em Educação Socioemocional é um processo contínuo e permanente, como um exercício diário para se construir competências e habilidades que nos auxiliem nesse movimento de aceitação, respeito e acolhimento do outro. Conviver é uma arte e devemos aprimorá-la no dia a dia, olhando e percebendo nossas limitações e vulnerabilidades, que nos impedem de termos um olhar mais compassivo e amoroso com o que diverge de nós.
Ainda em Morin (1999), um dos saberes descritos em seu livro supracitado, a necessidade de ensinar a compreensão humana com conexão, empatia e projeção, fazendo-nos refletir o quanto é difícil ser empático, ter conexão e nos projetar para compreender o outro, devido as nossas verdades, as nossas crenças e nossos valores.
Desse modo, incluir a educação socioemocional na vida das crianças, significa também, assegurar a escola como protagonista no desenvolvimento integral que perpassa a educação conteudista baseada somente na aprendizagem cognitiva. É urgente aprendermos sobre empatia, acolhimento e respeito, possibilitando-nos agir de maneira mais humana e afetiva, e disponível em receber e abraçar as mais diversas formas de existir.
Referências bibliográficas :
Del Prette, A., Del Prette, Z. (2014). Aprendizagem socioemocional na infância e prevenção da violência: Questões conceituais e metodologia da intervenção. In: Del Prette, A., Del Prette, Z. (Org.). Habilidades sociais, desenvolvimento e aprendizagem: Questões conceituais, avaliação e intervenção. 2ª ed. Campinas: Alinea.
Morin, E. Os setes saberes necessários à educação do futuro. / Edgar Morin; tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya ; revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho. – 2. ed. – São Paulo : Cortez ; Brasília, DF : UNESCO, 2000.
Empatia e gentileza constroem um cenário de segurança psicológica e autoconfiança! Parabéns pelo artigo!